Sobre filmes de ficção científica. Já referi noutras quantas críticas que são sempre um “hit or miss”, é tão complicado criar um cenário que seja arrojado e inovador, sem passar as barreiras do excêntrico. Listening, realizado por Khalil Sullins, segue 2 amigos, David e Ryan, que, no limite das suas posses monetárias, inventam uma tecnologia que permite ler mentes; mais do que isto, Listening observa de perto os efeitos que esta invenção provoca na vida de David e Ryan, e nas pessoas que os rodeiam.
Listening é, na verdade, uma visão sobre a relação das personagens, disfarçada de sci-fi. O conceito de telepatia é interessante e a forma como é explicada nunca parece ser condescendente, o que é raro em filmes deste género; por outro lado, é credível o suficiente para que não pareça “preguiçoso”, o que me impressionou bastante. Dito isto, a telepatia em si não parece ser o ponto fulcral, apenas algo que desencadeia a narrativa principal.
Apesar de ser uma história cativante, Listening tem certas falhas. É difícil simpatizar com a maior parte das personagens, exceto a de Christine Haeberman, que encarna a esposa de David; isto deve-se tanto à escrita, ao diálogo “apressado” e ao desenvolvimento das personagens, como ao elenco, que não se mostra muito convincente e dá um ar “robótico”.
O que não ajuda na artificialidade de Listening são as cores utilizadas, e o possível simbolismo. É compreensível que tenham sido usadas cores frias para indicar o lado de ficção científica, mas retirou a beleza e a humanidade de uma obra que se trata exatamente disso.
Para além disto, apesar da cinematografia em si estar bastante coesa, integrando planos limpos e agradáveis ao olho, existem muitos cortes abruptos entre cenas que as deixam confusas.
Ainda nos detalhes técnicos, quanto à banda sonora, Listening apresenta uns sons muito futuristas que encaixam bem nas cenas de mais ação e drama, e uma boa edição de som – é bom poder ouvir o diálogo e conseguir percebê-lo, mesmo sem legendas!
Chegando ao cerne da obra, a questão da narrativa, notei que há uma melhoria tremenda na 2ª metade do filme, com um plot-twist interessante e uma melhor compreensão das ações das personagens (as cenas com os monges são um pouco rebuscadas, mas acaba por fornecer uma boa solução que David encontra para o seu problema.) Achei estranho foi não haver explicação de como, por exemplo, nunca ninguém ter investigado o roubo de material tão caro, e não entendi a existência da filha de David e Melanie, se quase nunca a vemos e a própria até é ignorada ao longo do filme, apenas torna as personagens mais irresponsáveis e dificulta a nossa empatia para com elas.
Principalmente, Listening toca também numa questão que torna real o problema da invenção de algo como telepatia: o livre arbítrio. E o que torna Listening num filme que vale a pena ver é a crescente divergência de opiniões entre dois amigos, duas pessoas com os seus próprios problemas e a sua própria visão, até ao culminar dessa mesma divergência de uma maneira violenta, simbolizando também, numa menor escala, o que acontece quando duas mentes diferentes se conectam desta maneira.
Não deixamos de concordar com certos argumentos válidos que tanto David como Ryan têm, e também nós nos questionamos sobre a maneira como uma descoberta tão importante seria empregue – seria o início ou o fim de muitas guerras? Seria usado com boas ou más intenções? Talvez seja melhor continuarmos a explorar esta ideia em filmes, e filmes apenas.
Sobre filmes de ficção científica. Já referi noutras quantas críticas que são sempre um “hit or miss”, é tão complicado criar um cenário que seja arrojado e inovador, sem passar as barreiras do excêntrico. Listening, realizado por Khalil Sullins, segue 2 amigos, David e Ryan, que, no limite das suas posses monetárias, inventam uma tecnologia que permite ler mentes; mais do que isto, Listening observa de perto os efeitos que esta invenção provoca na vida de David e Ryan, e nas pessoas que os rodeiam.
Listening é, na verdade, uma visão sobre a relação das personagens, disfarçada de sci-fi. O conceito de telepatia é interessante e a forma como é explicada nunca parece ser condescendente, o que é raro em filmes deste género; por outro lado, é credível o suficiente para que não pareça “preguiçoso”, o que me impressionou bastante. Dito isto, a telepatia em si não parece ser o ponto fulcral, apenas algo que desencadeia a narrativa principal.
Apesar de ser uma história cativante, Listening tem certas falhas. É difícil simpatizar com a maior parte das personagens, exceto a de Christine Haeberman, que encarna a esposa de David; isto deve-se tanto à escrita, ao diálogo “apressado” e ao desenvolvimento das personagens, como ao elenco, que não se mostra muito convincente e dá um ar “robótico”.
O que não ajuda na artificialidade de Listening são as cores utilizadas, e o possível simbolismo. É compreensível que tenham sido usadas cores frias para indicar o lado de ficção científica, mas retirou a beleza e a humanidade de uma obra que se trata exatamente disso.
Para além disto, apesar da cinematografia em si estar bastante coesa, integrando planos limpos e agradáveis ao olho, existem muitos cortes abruptos entre cenas que as deixam confusas.
Ainda nos detalhes técnicos, quanto à banda sonora, Listening apresenta uns sons muito futuristas que encaixam bem nas cenas de mais ação e drama, e uma boa edição de som – é bom poder ouvir o diálogo e conseguir percebê-lo, mesmo sem legendas!
Chegando ao cerne da obra, a questão da narrativa, notei que há uma melhoria tremenda na 2ª metade do filme, com um plot-twist interessante e uma melhor compreensão das ações das personagens (as cenas com os monges são um pouco rebuscadas, mas acaba por fornecer uma boa solução que David encontra para o seu problema.) Achei estranho foi não haver explicação de como, por exemplo, nunca ninguém ter investigado o roubo de material tão caro, e não entendi a existência da filha de David e Melanie, se quase nunca a vemos e a própria até é ignorada ao longo do filme, apenas torna as personagens mais irresponsáveis e dificulta a nossa empatia para com elas.
Principalmente, Listening toca também numa questão que torna real o problema da invenção de algo como telepatia: o livre arbítrio. E o que torna Listening num filme que vale a pena ver é a crescente divergência de opiniões entre dois amigos, duas pessoas com os seus próprios problemas e a sua própria visão, até ao culminar dessa mesma divergência de uma maneira violenta, simbolizando também, numa menor escala, o que acontece quando duas mentes diferentes se conectam desta maneira.
Não deixamos de concordar com certos argumentos válidos que tanto David como Ryan têm, e também nós nos questionamos sobre a maneira como uma descoberta tão importante seria empregue – seria o início ou o fim de muitas guerras? Seria usado com boas ou más intenções? Talvez seja melhor continuarmos a explorar esta ideia em filmes, e filmes apenas.
Título: Listening
Título Original: Listening
Realização: Khalil Sullins
Elenco: Thomas Stroppel, Artie Ahr, Amber Marie Bollinger
Duração: 100 min.
Trailer | Listening
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