No seu livro Story, Robert Mckee fala sobre não gostar quando as pessoas falam de cinema como um escape que o usam para fugir da realidade. Para ele, a o cinema é justamente para nos fazer refletir sobre nossa realidade, e essa obra é um grande exemplo disso.
Sendo um remake de um filme indiano de 2013, Wu sha conta a história de um homem apaixonado por filmes de investigação que tenta proteger sua família quando um crime por legítima defesa é cometido.
No melhor estilo de “filme de sábado à noite”, este destaca-se principalmente na criação de tensão e suspense em algumas sequências marcantes, como, por exemplo, a dos interrogatórios. Por mais que o guião ajude no impacto do filme, o elenco também desempenha uma função primordial nesse efeito, com destaque para Yang Xiao e Joan Chen, que antagonizam e carregam a personalidade dos seus personagens a todo momento.
A escolha de mostrar as situações mais agressivas sem detalhes é muito acertada, mostrando as consequências de forma subtil e deixando a pior parte na cabeça do espectador, o que pode ser muito mais chocante em alguns dos casos. A sequência que mescla uma luta assistida com uma plateia com uma cena de mãe e filha enfrentando um agressor ressalta a beleza da realização, fotografia e montagem do filme. Há um cuidado com a estética que, muitas vezes, se vê ausente em filmes do género, que seguem uma linha mais preguiçosa de direção.
A montagem também ganha destaque no próprio enredo do filme. O trabalho de Sam Quah apresenta momentos fantásticos de metalinguagem, com o próprio protagonista a citar recursos de montagem que são usados, tanto no filme como produto, como também na ação dos personagens para que possam se livrar de serem descobertos. É genial.
A construção para o final é quase exagerada e repleta de reviravoltas no seu último ato, o que pode incomodar os espectadores menos fãs de mecanismos que remetem ao deus ex machina, mas não acredito que chegue a trazer algum tipo de prejuízo ao filme ou que o torne digno de uma pior avaliação. Usados de forma boa, deus ex machina e clichês são recursos positivos, que também fazem parte da “magia” do cinema.
Mantendo a tensão do início ao fim, Wu sha coloca a mesma pergunta para seus protagonistas e para os vilões: o que faria para proteger sua família? E por mais clichê que essa pergunta seja para filmes do género, aqui é bem executada e lançada para o público com mestria, levando a uma reflexão que vai muito além dos créditos finais. Vale acrescentar aqui também que essa reflexão é empurrada inúmeras vezes para o espectador nos momentos finais do filme, que poderia ser mais curto também na apresentação da história no início. Embora que pouco mova com a sua grandiosidade.
CONTÉM SPOILERS DE WU SHA!
No seu livro Story, Robert Mckee fala sobre não gostar quando as pessoas falam de cinema como um escape que o usam para fugir da realidade. Para ele, a o cinema é justamente para nos fazer refletir sobre nossa realidade, e essa obra é um grande exemplo disso.
Sendo um remake de um filme indiano de 2013, Wu sha conta a história de um homem apaixonado por filmes de investigação que tenta proteger sua família quando um crime por legítima defesa é cometido.
No melhor estilo de “filme de sábado à noite”, este destaca-se principalmente na criação de tensão e suspense em algumas sequências marcantes, como, por exemplo, a dos interrogatórios. Por mais que o guião ajude no impacto do filme, o elenco também desempenha uma função primordial nesse efeito, com destaque para Yang Xiao e Joan Chen, que antagonizam e carregam a personalidade dos seus personagens a todo momento.
A escolha de mostrar as situações mais agressivas sem detalhes é muito acertada, mostrando as consequências de forma subtil e deixando a pior parte na cabeça do espectador, o que pode ser muito mais chocante em alguns dos casos. A sequência que mescla uma luta assistida com uma plateia com uma cena de mãe e filha enfrentando um agressor ressalta a beleza da realização, fotografia e montagem do filme. Há um cuidado com a estética que, muitas vezes, se vê ausente em filmes do género, que seguem uma linha mais preguiçosa de direção.
A montagem também ganha destaque no próprio enredo do filme. O trabalho de Sam Quah apresenta momentos fantásticos de metalinguagem, com o próprio protagonista a citar recursos de montagem que são usados, tanto no filme como produto, como também na ação dos personagens para que possam se livrar de serem descobertos. É genial.
A construção para o final é quase exagerada e repleta de reviravoltas no seu último ato, o que pode incomodar os espectadores menos fãs de mecanismos que remetem ao deus ex machina, mas não acredito que chegue a trazer algum tipo de prejuízo ao filme ou que o torne digno de uma pior avaliação. Usados de forma boa, deus ex machina e clichês são recursos positivos, que também fazem parte da “magia” do cinema.
Mantendo a tensão do início ao fim, Wu sha coloca a mesma pergunta para seus protagonistas e para os vilões: o que faria para proteger sua família? E por mais clichê que essa pergunta seja para filmes do género, aqui é bem executada e lançada para o público com mestria, levando a uma reflexão que vai muito além dos créditos finais. Vale acrescentar aqui também que essa reflexão é empurrada inúmeras vezes para o espectador nos momentos finais do filme, que poderia ser mais curto também na apresentação da história no início. Embora que pouco mova com a sua grandiosidade.
Leiam outras Críticas aqui.
Título: Sheep Without a Shepherd
Título Original: Wu sha
Realização: Sam Quah
Elenco: Yang Xiao, Zhuo Tan, Joan Chen.
Duração: 112 min.
Trailer | Wu sha
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