Neste fim-de-semana de Halloween, os filmes de terror não param de surpreender. O mais recente vem da Netflix e tem o nome de His House. Dois refugiados sudaneses conseguem fugir dos horrores da guerra no seu país natal, mas assim que se tentam integrar no Reino Unido, um estranho hospedeiro sobrenatural não lhes dá descanso na sua nova moradia.
His House é um produto extremamente cativante de Remi Weekes. É um filme de terror invulgar, já que lidar com vários tipos de trauma e na forma como eles têm impacto nas nossas vidas. É também um registo soberbo de combinar horror e drama, ainda que pudesse ter a sua mitologia melhor explorada. Isto porque as imagens e a narrativa só começam a perder força quando Weekes se torna abstrato. Estamos a ver um filme linear e a certa altura o realizador quer mexer com a nossa perceção do que é real e o que não é e compromete a seriedade da sua história.
Mas His House é absolutamente empolgante, com jump scares suficientes para nos manter investidos, para além de assentar numa ideia emocional forte e ter uma tecnicidade bastante competente. As prestações de Sope Dirisu e Wunmi Mosaku são absolutamente magistrais e o twist é bastante competente para nos provocar. O maior problema é mesmo a ambição do cineasta que não explica com clareza o tipo de ser sobrenatural que estamos a ver. Chamam-lhe de “bruxa” e entendemos o porquê de estarem sob um feitiço poderoso, mas qual é o porquê desta aparência? Quais são os motivos verdadeiros da sua invocação?
São perguntas às quais o filme tem dificuldade em responder, ainda que estranhamente não prejudique na totalidade o fluxo de His House. O terror é gradual, com momentos de tensão verdadeiramente bem conseguidos, para além de um trabalho de maquilhagem que faz com que haja um realismo prático e provoque ainda mais o receio no espectador. A realização de Weekes, mesmo que tropece a certa altura por ser demasiado ambicioso, ainda consegue ser criativa e a maioria das imagens de His Houseintercalam-se lindamente nesta poesia de horror.
O foco central de His House é, acima de tudo, o trauma. Como lidamos com o trauma? Como é que sermos sobreviventes de uma tragédia nos causam um impacto psicológico tão forte? Que comportamentos podem surgir devido aos horrores reais por que passamos? São algumas das perguntas que His House responde de forma extraordinária, conjugando um horror físico e emocional que se completam e tornam a experiência numa das mais intensas do ano.
CONTÉM SPOILERS DE HIS HOUSE!
Neste fim-de-semana de Halloween, os filmes de terror não param de surpreender. O mais recente vem da Netflix e tem o nome de His House. Dois refugiados sudaneses conseguem fugir dos horrores da guerra no seu país natal, mas assim que se tentam integrar no Reino Unido, um estranho hospedeiro sobrenatural não lhes dá descanso na sua nova moradia.
His House é um produto extremamente cativante de Remi Weekes. É um filme de terror invulgar, já que lidar com vários tipos de trauma e na forma como eles têm impacto nas nossas vidas. É também um registo soberbo de combinar horror e drama, ainda que pudesse ter a sua mitologia melhor explorada. Isto porque as imagens e a narrativa só começam a perder força quando Weekes se torna abstrato. Estamos a ver um filme linear e a certa altura o realizador quer mexer com a nossa perceção do que é real e o que não é e compromete a seriedade da sua história.
Mas His House é absolutamente empolgante, com jump scares suficientes para nos manter investidos, para além de assentar numa ideia emocional forte e ter uma tecnicidade bastante competente. As prestações de Sope Dirisu e Wunmi Mosaku são absolutamente magistrais e o twist é bastante competente para nos provocar. O maior problema é mesmo a ambição do cineasta que não explica com clareza o tipo de ser sobrenatural que estamos a ver. Chamam-lhe de “bruxa” e entendemos o porquê de estarem sob um feitiço poderoso, mas qual é o porquê desta aparência? Quais são os motivos verdadeiros da sua invocação?
São perguntas às quais o filme tem dificuldade em responder, ainda que estranhamente não prejudique na totalidade o fluxo de His House. O terror é gradual, com momentos de tensão verdadeiramente bem conseguidos, para além de um trabalho de maquilhagem que faz com que haja um realismo prático e provoque ainda mais o receio no espectador. A realização de Weekes, mesmo que tropece a certa altura por ser demasiado ambicioso, ainda consegue ser criativa e a maioria das imagens de His House intercalam-se lindamente nesta poesia de horror.
O foco central de His House é, acima de tudo, o trauma. Como lidamos com o trauma? Como é que sermos sobreviventes de uma tragédia nos causam um impacto psicológico tão forte? Que comportamentos podem surgir devido aos horrores reais por que passamos? São algumas das perguntas que His House responde de forma extraordinária, conjugando um horror físico e emocional que se completam e tornam a experiência numa das mais intensas do ano.
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Título: Hospedeiro Indesejado
Título Original: His House
Realização: Remi Weekes
Elenco: Sope Dirisu, Wunmi Mosaku, Malaika Wakoli-Abigaba, Javier Botet, Matt Smith.
Duração: 93 min.
Trailer | His House
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