PODE CONTER SPOILERS DE STAR TREK: PICARD!!!
Na fandom, existem sempre fações entre os fãs que ditam o favoritismo entre uma de duas propriedades rivais. Um dos exemplos mais recorrentes é a rivalidade entre a Marvel e a DC no que toca aos super-heróis. No caso da ficção científica, temos a clássica rivalidade entre Star Wars e Star Trek. Pessoalmente, tenho a preferência entre o primeiro em relação ao segundo (sendo justo, cresci mais com um do que com o outro), mas não deixo de reconhecer alguns méritos que o segundo possui, especialmente com o interesse reforçado com o reboot de 2009 a cargo de J.J. Abrams, que despoletou toda uma nova saga de filmes e também de novas séries (com Star Trek: Discovery sendo um dos exemplos mais recentes). Portanto, estava mesmo surpreendido que a CBS All Access avançasse com uma nova série dentro deste universo? Nem por isso. Mas estava à espera que essa nova série andasse à volta de uma personagem bem conhecida dentro desse mesmo universo? Não, de todo. E assim, temos Star Trek: Picard, que reúne Patrick Stewart a um dos seus papéis mais importantes da carreira!
A série toma lugar algumas décadas depois do fim de Star Trek: Nemesis – a longa-metragem que encerrou as aventuras de Star Trek: The Next Generation. Jean-Luc Picard (Stewart), agora reformado da Frota Estelar, tornou-se vinicultor no chateau da sua família, na França. No entanto, esta sua paz é perturbada quando uma jovem, Dahj (Isa Briones) entra na sua vida com um mistério. É esse mesmo mistério – e uma misteriosa ligação com um aliado há muito perdido – que traz Picard de volta ao “ativo”.

A exploração de um espaço desconhecido, a ideia de explorar novas culturas e civilizações, foram motes que serviram para explorar o universo de Star Trek. Mote esse que ainda hoje continua a mostrar a sua eficácia nos vários projetos cinematográficos (ainda que mais orientados para a ação) e televisivos. No entanto, é aqui que Star Trek: Picard difere das restantes. Enquanto as anteriores se focam no espaço inexplorado e na sua infinidade de possibilidades, esta parece querer tomar uma abordagem mais humana, mais introspetiva do que as restantes.
E tudo isso resume-se à sua personagem titular. Volvidos 18 anos depois de Nemesis, Stewart volta a vestir a pele de Jean-Luc Picard com uma surpreendente facilidade, como quem veste uma camisa que usou recentemente. No entanto, não esperem o mesmo Picard do habitual. Parece que, para a série, o famoso ator tomou algumas notas retiradas do filme Logan. Aqui, temos um Picard que, apesar de todas as suas ações, é constantemente atormentado pelos traumas do seu passado ao serviço da Frota Estelar (e de algumas perdas a elas inerentes). Portanto, encontramos aqui um Picard que se resigna a esperar pela sua hora da morte.
No entanto, esse seu estado de espírito é colocado de parte assim que Dahj entre de rompante na sua vida. Não me vou alongar sobre a prestação da atriz que, sejamos honestos, não tem assim muito para mostrar, apenas que serve para dar uma nova dose de intriga e aventura para Picard gozar nesta sua nova fase da vida. E também ajuda que esta interação também serve de “combustível” para o ajudar a reviver algumas das suas reações mais importantes da sua vida inteira (o cameo recorrente de Brent Spiner é apenas um dos muitos regressos que poderemos esperar de alguns veteranos da The Next Generation nesta nova série).

No entanto, não esperem aqui uma estreia “estelar” desta nova série. Apesar de algumas ambições em termos narrativos e motivacionais, efeitos especiais dignos da chamada Peak TV e algumas cenas de ação espalhadas por alguns cantos, este episódio sofre com uma overdose de exposição e world-building. Por exemplo, é preciso uma entrevista previsível para nos elucidar sobre a reforma (e perda de fé, da parte de Picard) da Frota Estelar, além de estabelecer em que lugar é que a série se encontra dentro da continuidade. O mesmo se aplica às misteriosas origens de Dahj, que é nos presenteada numa bandeja à espera de ser devorada por completa. É bastante informação para ser digerida de uma só vez e espero bem que a série consiga colocar um “pé no travão” nesses avanços com o desenrolar da narrativa.
Podem acompanhar outros dos nossos Frame by Frame aqui.
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Apesar do já típico information dump que atormenta várias séries de vários géneros, Star Trek: Picard mostra o seu devido potencial com história diferente do habitual dentro desta saga, além de voltar a reunir Stewart a um dos seus melhores papéis da carreira.
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PODE CONTER SPOILERS DE STAR TREK: PICARD!!!
Na fandom, existem sempre fações entre os fãs que ditam o favoritismo entre uma de duas propriedades rivais. Um dos exemplos mais recorrentes é a rivalidade entre a Marvel e a DC no que toca aos super-heróis. No caso da ficção científica, temos a clássica rivalidade entre Star Wars e Star Trek. Pessoalmente, tenho a preferência entre o primeiro em relação ao segundo (sendo justo, cresci mais com um do que com o outro), mas não deixo de reconhecer alguns méritos que o segundo possui, especialmente com o interesse reforçado com o reboot de 2009 a cargo de J.J. Abrams, que despoletou toda uma nova saga de filmes e também de novas séries (com Star Trek: Discovery sendo um dos exemplos mais recentes). Portanto, estava mesmo surpreendido que a CBS All Access avançasse com uma nova série dentro deste universo? Nem por isso. Mas estava à espera que essa nova série andasse à volta de uma personagem bem conhecida dentro desse mesmo universo? Não, de todo. E assim, temos Star Trek: Picard, que reúne Patrick Stewart a um dos seus papéis mais importantes da carreira!
A série toma lugar algumas décadas depois do fim de Star Trek: Nemesis – a longa-metragem que encerrou as aventuras de Star Trek: The Next Generation. Jean-Luc Picard (Stewart), agora reformado da Frota Estelar, tornou-se vinicultor no chateau da sua família, na França. No entanto, esta sua paz é perturbada quando uma jovem, Dahj (Isa Briones) entra na sua vida com um mistério. É esse mesmo mistério – e uma misteriosa ligação com um aliado há muito perdido – que traz Picard de volta ao “ativo”.
A exploração de um espaço desconhecido, a ideia de explorar novas culturas e civilizações, foram motes que serviram para explorar o universo de Star Trek. Mote esse que ainda hoje continua a mostrar a sua eficácia nos vários projetos cinematográficos (ainda que mais orientados para a ação) e televisivos. No entanto, é aqui que Star Trek: Picard difere das restantes. Enquanto as anteriores se focam no espaço inexplorado e na sua infinidade de possibilidades, esta parece querer tomar uma abordagem mais humana, mais introspetiva do que as restantes.
E tudo isso resume-se à sua personagem titular. Volvidos 18 anos depois de Nemesis, Stewart volta a vestir a pele de Jean-Luc Picard com uma surpreendente facilidade, como quem veste uma camisa que usou recentemente. No entanto, não esperem o mesmo Picard do habitual. Parece que, para a série, o famoso ator tomou algumas notas retiradas do filme Logan. Aqui, temos um Picard que, apesar de todas as suas ações, é constantemente atormentado pelos traumas do seu passado ao serviço da Frota Estelar (e de algumas perdas a elas inerentes). Portanto, encontramos aqui um Picard que se resigna a esperar pela sua hora da morte.
No entanto, esse seu estado de espírito é colocado de parte assim que Dahj entre de rompante na sua vida. Não me vou alongar sobre a prestação da atriz que, sejamos honestos, não tem assim muito para mostrar, apenas que serve para dar uma nova dose de intriga e aventura para Picard gozar nesta sua nova fase da vida. E também ajuda que esta interação também serve de “combustível” para o ajudar a reviver algumas das suas reações mais importantes da sua vida inteira (o cameo recorrente de Brent Spiner é apenas um dos muitos regressos que poderemos esperar de alguns veteranos da The Next Generation nesta nova série).
No entanto, não esperem aqui uma estreia “estelar” desta nova série. Apesar de algumas ambições em termos narrativos e motivacionais, efeitos especiais dignos da chamada Peak TV e algumas cenas de ação espalhadas por alguns cantos, este episódio sofre com uma overdose de exposição e world-building. Por exemplo, é preciso uma entrevista previsível para nos elucidar sobre a reforma (e perda de fé, da parte de Picard) da Frota Estelar, além de estabelecer em que lugar é que a série se encontra dentro da continuidade. O mesmo se aplica às misteriosas origens de Dahj, que é nos presenteada numa bandeja à espera de ser devorada por completa. É bastante informação para ser digerida de uma só vez e espero bem que a série consiga colocar um “pé no travão” nesses avanços com o desenrolar da narrativa.
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0 75 100 1Apesar do já típico information dump que atormenta várias séries de vários géneros, Star Trek: Picard mostra o seu devido potencial com história diferente do habitual dentro desta saga, além de voltar a reunir Stewart a um dos seus melhores papéis da carreira.
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